No Brasil, o parque de matrizes supera a marca de 80 milhões de cabeças (Fonte: ASBIA), sendo que a maior parte desse volume é formada por animais de sangue Nelore. Na bovinocultura comercial, em que o bezerro é o objetivo inicial e o boi gordo o produto final, a participação da fêmea é total e a necessidade de boas mães para a produção é uma questão que merece atenção especial em toda propriedade de cria.
É exatamente assim que acontece na fazenda Cibrapa, unidade mato-grossense do criatório Carpa Serrana. Em cada estação de monta, é feito um planejamento específico para a fecundação de 11 mil matrizes Nelore – que vão parir os bezerros de corte de genética Carpa e as fêmeas que serão apartadas para reposição no grande rebanho das “mães Carpa”.
“Nunca afrouxamos a pressão de seleção nessa vacada, desde o início do projeto de criação comercial. Como já partimos de uma base genética muito forte, que veio com o gado PO e LA selecionado na Fazenda Fazendinha, em São Paulo, a preocupação era aprimorar a habilidade materna e a precocidade sexual nos lotes comerciais para ter eficiência com um padrão de desmame homogêneo”, diz o gerente de pecuária da Cibrapa, Marcos Junqueira Cardoso, apontando os pré-requisitos que uma fêmea precisa apresentar para ser considerada uma mãe Carpa. E comprovando a qualidade dos animais, o gerente também fala dos resultados das vacas comerciais como receptoras. “A Carpa é 100% Nelore e, quando a receptora zebuína tem genética de qualidade, ela é muito fértil e vigorosa, não deixando nada a desejar na comparação com a F1. Na verdade, em muitos quesitos, elas ainda superam as cruzadas no trabalho de FIV. Não dão problema na parição, cuidam da cria muito bem e têm leite suficiente”, explica Cardoso.
O rebanho da Carpa em Mato Grosso é conduzido, quase na sua totalidade, a campo. Mas, para garantir os índices de produção e reprodução, a equipe não descuida das condições das pastagens, melhorando a quantidade e a qualidade da forragem ao optar por variedades adequadas, investir em adubação e irrigação, além de estruturar um grande projeto de ILP.
“Lembrando que os touros que servem as 11 mil matrizes são oriundos do gado PO da Carpa, destaco que nossos índices anuais estão sempre acima da média nacional. A Carpa/Cibrapa é um exemplo de como todo pecuarista pode conseguir resultados positivos no gado comercial quando escolhe investir nos insumos certos, como a genética”, finaliza Junqueira.
Reposição em alto nível
Todo criatório que prioriza a viabilidade econômica e a melhoria do rebanho bovino promove o descarte automático de matrizes. No geral, as vacas que não emprenharam, as que não produziram leite suficiente para nutrir as crias, as que desmamam bezerros com peso 20% abaixo da média de seus contemporâneos e as que estão com idade considerada avançada (cerca de 10 anos) são retiradas do plantel. Com isso, entre 15% e 20% das fêmeas de um rebanho acabam substituídas por novilhas em idade reprodutiva a cada ano.
Na Cibrapa, as nulíparas – filhas dos touros Carpa que servem o rebanho antes de serem oferecidas ao mercado – são as celebridades da safra e recebem a maior atenção da equipe, no melhor ambiente disponível da unidade mato-grossense, onde estão os pastos cultivados no sistema de ILP. As novilhas passam nos piquetes na desmama e na estação de monta. Esse manejo faz com que elas se desenvolvam bem, ganhem escore corporal e tenham um desempenho bastante positivo no início da vida reprodutiva.
“Os resultados da reprodução das primíparas e o sucesso na reconcepção são motivos de orgulho para a nossa equipe. As novilhas parem muito bem na primeira concepção e os bezerros delas não ficam devendo nada aos contemporâneos que nascem das multíparas”, diz o gerente de pecuária da Carpa Serrana, Luis Otávio Pereira Lima.